É possível que este seja um dos temas mais badalados atualmente no mundo dos negócios, junto com empreendedorismo e startups. No post “O Empreendedorismo e Seus Caminhos” falamos do primeiro e no “Nem Tudo Que Reluz é Startup” falamos do segundo.
Agora é hora de falarmos do terceiro, sendo que, já nas primeiras semanas do Blog, recebemos sugestões para falar sobre inovação, mas resistimos ao canto da sereia enquanto preparávamos o terreno. Então, vamos ao que interessa!
Consideramos necessário falar sobre outras coisas antes de abordarmos a inovação.
Pense numa casa. Durante a construção, o que é feito primeiro? O telhado, né!? :/ Só que não!
No universo do empreendedorismo, das startups e dos negócios, consideramos que a inovação, quando levada a sério, é como se fosse o telhado da casa. Independente de ser a última coisa a ser feita, ou não, acreditamos que, definitivamente, ela não é a primeira.
Antes de erguer o telhado, há uma série de etapas fundamentais para que ele, de fato, seja sustentado. Isto é levar a obra a sério.
Por isso nosso primeiro post sobre inovação (sim!!! outros virão!) traz esse cuidado e comprometimento com o processo que gera inovação. Não são poucas as vezes que cruzamos com abordagens que tratam a inovação como algo simplista e rápido, quase de maneira fantasiosa, para não dizer irresponsável.
O tratamento menos cuidadoso gera distorções e desgasta esse importante instrumento de busca pela inovação. O descuido traz resultados que vão desde pessoas que perdem seu tempo até pessoas que perdem muito dinheiro nessas abordagens, sendo que o saldo final nesses casos é sempre o mesmo: frustração, descrédito e desconfiança, mais as dores dos impactos causados pelas perdas de cada um.
Isso machuca as pessoas e também as organizações e deprecia o processo de inovação, por isso é importante ter um bom conhecimento, buscar referências relevantes e ter consciência de que este não é um processo banal. Se estivermos cada vez mais preparados para o desenvolvimento de inovação, levaremos cada vez mais a sério e todos nós ganhamos com isso.
A melhor forma de começarmos a fazer isto é partirmos do começo, da origem do conceito de inovação, e ele está registrado no Manual e Oslo, criado em 1997. Sem dúvida, esta será sua melhor referência quando o assunto inovação for tratado com seriedade.
Se você é um profissional que atua na área, recomendamos que estude o Manual de Oslo, bem como as relação com outros documentos, normas e conceitos correlatos, alguns indicados no próprio Manual.
Outra consideração importante é sobre a inovação não-tecnológica. Ela existe, é descrita no Manual e indica um olhar para as transformações que “tendem a ser organizacionais e gerenciais”, ou seja, podem representar avanços na sua forma de fazer negócios e que normalmente não figuram em pesquisa de inovação, exceto se integrarem algum projeto de inovação tecnológica.
Sim! É possível inovar sem depender diretamente da ciência, quando estivermos falando de inovação não-tecnológica. Para inovações tecnológicas, não vamos dizer que é impossível não depender da ciência, mas a chance do seu caminho não passar pela ela é mínimo.
Se você busca inovação tecnológica, recomendamos que trilhe o caminho da ciência.
O Manual de Oslo é bastante completo e também traz informações sobre definições básicas, classificações institucionais, procedimentos de pesquisa, custos, metodologias relacionadas e métricas, além de outros importantes detalhes. O documento tem 136 páginas de informações significativas. Aproveite!
Já citamos o Manual aqui no Blog, no post sobre “O valor dos negócios científico-tecnológicos”. Se você está nesse espaço de negócios tecnológicos, faça essa leitura.
Agora, levando em conta a quase banalização da inovação citada no início do post e o conteúdo do Manual, é importante explorarmos o que é considerado inovação de fato. Então, segue uma parte do conteúdo que fizemos para os nossos assinantes de curadoria e que começa citando o conceito de inovação segundo o Manual. Se quiser mais, é só assinar o Plano Club!
“Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas.“ Manual de Oslo, OCDE (1997)
Logo, segundo o Manual de Oslo, só após a “implementação” de algo é possível haver a consideração de inovação. Mas esse entendimento também está presente na Lei de Inovação 10.973/04, onde só fica caracterizada a inovação após “introdução de novidade”.
“Introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou serviços.”
Sim! Existe diferença entre inovação e novidade e ela é bem importante. Inovação não é sinônimo algo que é novo. O que é novo é uma novidade. Para uma inovação acontecer, ela precisa ser implementada, introduzida, adotada pelas pessoas, pela sociedade. Mas essa não é uma compreensão de agora.
O termo “inovação” tem sua origem na obra “A Teoria do Desenvolvimento Econômico”, escrita por Joseph A. Schumpeter, e publicada originalmente em inglês no ano de 1912. Esta foi a primeira obra a colocar a inovação no centro da dinâmica econômica. Schumpeter reconhece como principais formas de inovação:
• Introdução de novos produtos; • Introdução de novos métodos de produção; • Abertura de novos mercados; • Desenvolvimento de novas fontes de suprimento para matérias primas e outros insumos; • Criação de novas estruturas de mercado em uma indústria.
Note que Schumpeter também considera a introdução, mas vai além. Cita a abertura de novos mercados, novas fontes de suprimento e novas estruturas de mercado, todas estas condições operacionais. Ou seja, fica claro qual é a condição para uma inovação e que está não é a mesma condição para tecnologia, tampouco para ciência.
Se, de tudo que escrevemos, você compreender que para existir uma inovação é preciso que outras pessoas adotem alguma novidade, já teremos cumprido nosso papel e você terá percebido que uma ideia por si só não é inovadora e que um negócio que ainda nem disponibilizou sua novidade para que pessoas possam acolher isto, não tem como ser um negócio inovador de verdade nesse estágio. Talvez seja mais adequado dizer que é uma potencial inovação ou um potencial negócio inovador em virtude das circunstâncias que envolvem a novidade, nada mais que isso.
Se isto ficou claro para você, então você conseguiu uma imunização contra a inovação “de palco”, numa analogia ao conhecido “empreendedorismo de palco”, que citamos no post “O Empreendedorismo e Seus Caminhos”. Pelo menos a forma mais simplória de conversa rasa sobre inovação será rapidamente detectada por você.
Até porque, levar outras pessoas a adotarem algo novo é uma tarefa bastante árdua, e isto é fundamental para uma inovação acontecer.
A partir dessa percepção alinhada e coerente de inovação, é possível avançar para diferentes formas de aplicação da inovação, como inovação aberta, e outras possibilidades. Por isto, precisamos cuidar do processo de inovação e da sua multiplicação.
A inovação tem um enorme potencial transformador, desde o nosso estilo de vida até a forma como vivemos em sociedade.
Avante!
Conteúdo: Tainan V. Caballero e Carlos Sonier do Nascimento
Redação: Tainan V. Caballero
Foto: Christine Sandu/Unsplash
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