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A Facilitação que Ajuda as Pessoas e os Grupos

Houve um tempo em que a ordem vinha e, como já diz o ditado, “manda quem pode, obedece quem tem juízo”. A hierarquia era rigidamente seguida por diversos motivos, dentre eles a ordem, o respeito, o poder, o medo, o status, a bajulação, o tamanho do salário e por aí vai.


Era uma realidade incrustada na estrutura social e no inconsciente coletivo, em todas as organizações possíveis e imagináveis, da família à igreja, da empresa ao governo, inclusive, passando pela educação. Não havia muito espaço para meio termo, apenas raras exceções de pessoas que faziam diferente, mas que acabavam mais à margem, desacreditadas, já que o que valia mesmo era seguir o líder.


Por muito tempo foi assim, até que a difusão das tecnologias e o impacto no cotidiano das sociedades mundo afora, alcançaram gradualmente os comportamentos e costumes. Novas gerações, novas necessidades e novas formas de fazer fortaleceram a criação de novos estilos de vida e a maneira de se fazer as coisas já não era mais a mesma.


Dia após dia, ano após ano, as coisas foram sendo facilitadas. Na maioria dos casos de forma incipiente, mas, em alguns casos, com método.

Pessoas engajadas e produzindo em grupos alcançam grandes entregas.

Para chegarmos até a facilitação como a praticamos hoje, é saudável voltar no tempo e compreender como viemos parar aqui. Não existe bem ao certo uma data ou uma origem para a facilitação, mas a soma de algumas situações foi cristalizando ao longo do tempo a facilitação como a conhecemos.


Dentro de uma visão científica, encontramos no início do século passado um primeiro olhar para atividades em grupo, realizado por Jacob Levy Moreno, então estudante de medicina. Mas foi em 1935 que Kurt Lewin, importante psicólogo e estudioso de grupos, expandiu suas pesquisas de comportamento social e, 10 anos depois, passou a usar o termo “Dinâmica de Grupos” para atividades do tipo.


No ano seguinte, em 1946, na companhia de outros importantes pesquisadores, Kurt percebeu que essas atividades favorecem o compartilhamento de questões mais íntimas diante dos grupos, como sentimentos e percepções pessoais, ao que depois ficou denominado como de “feedback”. Kurt é considerado o criador da importante “Teoria do Campo”, onde o campo é “um conjunto de realidades físicas e psicológicas, em mútua interdependência”, ou de maneira ainda mais simples, é o espaço em que vivemos, pessoas e ambiente.


Com o passar dos anos, a expansão e a difusão dos conhecimentos em torno da “Dinâmica de Grupos” deixava mais profundo o conhecimento e mais refinadas ficavam as técnicas. Em 1960 ela chegou ao Brasil pelas mãos de Pierre Weil e, durante esta década, recebeu novas metodologias que proporcionam uma maior e mais sensível conexão das pessoas com suas emoções mais profundas e o seu autoconhecimento.


Eis que o sábio aforismo, que já citamos no post “O Preparo Pessoal e Profissional para Fazer Negócios”, presente no pórtico do Templo de Apolo em Delfos na Grécia, se faz presente mais uma vez em meio a essas metodologias: "Conhece-te a ti mesmo".

A difusão das dinâmicas de grupo aconteceu naturalmente, principalmente pelas mãos das atividades de uma área conhecida como Recursos Humanos. Mas foi na década de 90 que a facilitação emergiu e passou a ter um formato mais definido e características próprias, além de construir uma expressão representativa.


Em 1994 surge a International Association of Facilitators - IAF, para promover e posicionar a facilitação como uma profissão e auxiliar na preparação de facilitadores com um programa de certificação próprio. Já em 2003, nasce o International Institute for Facilitation - INIFAC para realizar um programa em nível de mestrado em facilitação.


Olhando assim, a facilitação como prática profissional é bastante recente e ainda em processo de difusão na sociedade.

Mas nesse meio tempo, outros aspectos influenciaram alguns facilitadores e a facilitação, a partir de percepções filosóficas e ancestrais sobre comportamento e relacionamentos, humanizando ainda mais as interações. Nesse período também conquistou espaços, por seu potencial para destravar processos e interações dentro das organizações.


São muitos os benefícios na adoção e na prática da facilitação, tanto para o facilitador quanto para os participantes da facilitação. E é por isto que ela ajuda tanto as pessoas e os grupos.

A facilitação funciona a partir do encontro de um grupo de pessoas e de um ou mais facilitadores, depende da atividade, do objetivo e do grupo. A partir daí, cabe ao facilitador guiar o grupo até a realização de seu objetivo comum.


O objetivo da facilitação é descomplicar aquilo que está em pauta e que reúne os integrantes do grupo. Por isto, tem sido bastante usada na educação, com o professor como facilitador, e em variadas organizações, onde as conversas são organizadas pelo facilitador, membro da organização ou não, que relaciona conteúdos e as informações que emergem do grupo e faz perguntas, muitas perguntas e provocações nos momentos mais adequados.


O facilitador, por sua vez, deve estar a serviço do grupo, para que todos tenham a melhor experiência possível durante a interação do grupo. Sua conduta deve estimular o engajamento das pessoas e proporcionar um ambiente onde as pessoas se sintam confiantes e seguras para se abrirem diante do grupo quando necessário, para que aproveitam ao máximo sua experiência.


É aí que surge uma situação bem interessante sobre a posição do facilitador diante da facilitação e do grupo. Uma das referências na área, Roger Schwartz diz que:


  • “Facilitação de um grupo é um processo pelo qual uma pessoa cuja escolha é aceitável para todos os membros do grupo, que é suficientemente neutra e que não possui autoridade considerável no processo decisório do grupo, diagnostica e intervém para ajudar o grupo a melhorar como identifica e resolve problemas e toma decisões, para aumentar a efetividade do grupo, aumentando seu grau de autonomia”. 


Porém, a prática nos mostrou que a neutralidade não é totalmente possível e, até, nem sempre tão proveitosa. De outra sorte, a intenção não deve ser tomar parte por decisão A ou B do grupo, mas sim, vestir os mais variados personagens para provocar os participantes sobre os mais variados pontos de vista, o que ajuda muito os grupos que, em determinado momento, acabam travando seu entendimento interno e, por isto, reduzindo seu potencial de entrega.


Note que ser neutro ou não neutro pode ser uma faceta do facilitador, sendo que o cuidado deve ser nunca, jamais, induzir o grupo a tomar determinada decisão e/ou ação, tampouco indicar que determinada ação ou participante está correto. Ou seja, o facilitador não faz parte do grupo, mas pode assumir papéis que ajudam o grupo a compreender melhor suas alternativas e opções, não mais do que isso.


Essa é uma linha de facilitação compartilhada por alguns facilitadores, dentre eles o Guilherme T. Viegas, que cofundou a Pulsar em 2015 junto com o Tainan V. Caballero, nosso cofundador também, e hoje se dedica a difundir as práticas de facilitação e a preparação de novos facilitadores. O entendimento é de isso potencializa a produtividade dos grupos e da facilitação. Recomendamos os serviços do Gui Viegas e da Pulsar.


Cuidar das pessoas e exercitar a empatia e a escuta atenta são fundamentais durante a facilitação.

Algumas partes da facilitação são bem importantes para marcar e engajar as pessoas, como o "check-in", para as pessoas entrarem na atividade e estarem presentes, e o "check-out", quando marcamos o término da atividade. Outro ponto significativo acontece na construção dos acordos definidos pelo grupo e válidos durante toda a atividade.


A relação com a visão científica citada no início do post também se faz presente, com o uso constante de feedbacks e a realização de dinâmicas de grupos. Ocorre que a maioria das dinâmicas tem características próprias e são mais descontraídas, às vezes com objetivos e finalidades produtivas e de exercício de algum conhecimento, e por isto são chamadas por outros nomes, como “mão na massa/hands on”, “práticas” ou simplesmente “dinâmicas”.


Outras metodologias, como Comunicação Não Violenta - CNV, também podem ser adicionadas a caixa de ferramentas do facilitador e à estrutura de facilitação. Consideramos que a metodologia está aberta a toda a forma de interação que humanize cada vez mais as relações.


É possível ver o quanto a facilitação contribui para pessoas e grupos de todos os tipos.

Os benefícios envolvidos na adoção da facilitação proporcionam a inversão da lógica inicial do post. A interação do grupo é capaz de produzir uma gama de possibilidades impensável pelo topo de qualquer organização.


É aí que a emerge uma lógica que consideramos muito proveitosa. Até recentemente e ainda hoje, as decisões eram tomadas de maneira “top/down”, de baixo para cima, quando o topo da hierarquia demandava para a base aquilo que desejava.


Logo, a maioria dos movimentos que inverteram essa lógica o fizeram através de revoluções. Mas, com todas as mudança que estamos vivendo, como já falamos aqui, e o advento da facilitação, aliada a aspectos da negociação como já falamos em alguns posts, como no “Ferramentas e Metodologias para Fazer Negócios”, as revoluções deram lugar aos processos de cocriação e coparticipação, aumento o senso de pertencimento, o engajamento e o valor das entregas.


Essa contribuição dos grupos abriu espaços para os processos “bottom/up”, ou de baixo para cima, quando a base participa direta e ativamente da construção dos caminhos e dos meios mais proveitosos para um grupo ou organização. Além de mais cabeças pensantes, a equipe traz visões baseadas nas suas experiências diárias e que muitas vezes fogem do olhar da cúpula do grupo e acabam por reduzir o potencial de entrega de todo o grupo.


Existem ainda outros formatos de facilitação que cumprem o mesmo papel, como a facilitação visual, ou gráfica, e a facilitação remota.

Ao fim e ao cabo, um grande benefício alcançado com o uso da facilitação é a, digamos, reconfiguração das reuniões e o aumento de sua eficácia. Enquanto antes elas serviam para ouvir a fala de quem manda, hoje elas servem muitos mais para ouvir e engajar o grupo na feitura daquilo que beneficia a todos, como deve ser numa negociação, um verdadeiro ganha-ganha.


O uso do tempo é algo muito valioso quando o assunto é produtividade, que cada vez mais é perseguido pelas pessoas e organizações. Ser facilitador, participar ou adotar o uso de facilitações só vai ajudar você em sua jornada pessoal e profissional.

Bora facilitar mais?


Avante!


Conteúdo: Tainan V. Caballero

Redação: Tainan V. Caballero

Imagem: Startup Stock Photos/Pexels

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