Ou seria o desmerecido valor dos spin-offs? Também poderia ser o negligenciado valor dos spin-offs. É bem verdade que poderíamos usar outras variações de títulos um tanto depreciativos para este post.
Não é marcação nem pegação de pé, não. É uma realidade um tanto sutil, porém concreta.
Os spin-offs são um marco empresarial e de negócios na nossa história recente como sociedade, sendo que a NASA foi uma das pioneiras nessa prática, e é sobre isso que falaremos hoje, porque não vemos muitas pessoas por aí falando sobre os spin-offs. Talvez o termo até seja novo para você, como normalmente é para quem nos procura e passa a interagir conosco.
De outra sorte, o que está na moda mesmo é falar sobre as “glamourosas” startups, mesmo sem saber o que configura de fato uma startup. Recomendamos a leitura do nosso post “Nem tudo que reluz é startup”, porque certamente vai te ajudar a compreender melhor o tema e avançar na conversa deste post.
Na mesma batida das startups, está na crista da onda falar sobre empreendedorismo, aquele que te transforma num tipo de “celebridade” ou até “guru” dos negócios para você contar suas façanhas, sejam elas quais forem. Também já falamos aqui sobre o mundo encantado do empreendedorismo no post “O Empreendedorismo e Seus Caminhos”. Fica a recomendação da leitura para acompanhar melhor o que traremos aqui. ;)
Depois de anos de atuação e por sermos um spin-off, conhecemos de perto um tanto da importância desse tema. Isto nos fez perceber que quanto mais as pessoas, as organizações e o agentes públicos compreenderem o papel desse tipo de novo negócio, certamente fortaleceremos um passo importante do mundo dos negócios que impacta e alavanca, e muito, o nosso desenvolvimento em todos os aspectos como sociedade e como país.
Um spin-off é uma jóia bruta e, por vezes, bastante rara.
Compreender o conceito de spin-off é bem simples. Trata-se de um desmembramento, uma derivação, de algo que nasce dentro de algum lugar e, tão logo faça sentido, ganha vida própria.
Uma analogia rápida. Pense nos filhos como spin-off.
Eles nascem em uma família. Enquanto crescem e se desenvolvem permanecem juntos à família, mas, à medida que crescem, vão dando seus próprios passos, ganhando o mundo e desenvolvendo suas próprias vidas até que partem para sua jornada pessoal e, quem sabe, para criarem suas próprias famílias e spin-offs. ;)
Uma coisa bacana é que a efetivação de um spin-off, ou seja, a realização desse processo de derivação, não significa uma ruptura de laços, senão, apenas uma liberdade para que o spin-off construa suas próprias estruturas e possa crescer conforme suas próprias necessidades e demandas.
Dizem que as nossas crianças são o futuro. Pois bem…
Agora, pense neste cenário para o mundo dos negócios e você verá o tamanho da responsabilidade envolvida nos spin-offs, afinal, eles são parte importante do nosso futuro. Isto fica ainda mais claro se considerarmos como a definição de spin-off se aplica para o mundo dos negócios, especialmente para um determinado segmento.
As duas origens "clássicas", por assim dizer, dos spin-offs de negócios são acadêmicas e corporativas. Os spin-offs acadêmicos derivam das organizações de ciência e tecnologia, de desenvolvimento do conhecimento, e de seus respectivos projetos de pesquisa. Já os spin-offs corporativos derivam de movimentos internos e estratégicos das corporações ou baseados em movimentos externos e incontroláveis do mercado.
O caso da NEW-e é de um spin-off acadêmico, que nasce dentro da UFRGS a partir do doutorado de um dos sócios cofundadores, o Carlos Sonier.
E o que isso significa? Significa que usamos alguns dos conhecimento alcançados através da pesquisa de doutorado dele para dar início à configuração da NEW-e, por isso um spin-off acadêmico.
A partir disso, nossa proposta inicial de negócio acabou se modificando naturalmente, dadas as condições reais de mercado, os feedbacks das pessoas e organizações contatadas e os pedidos dos interessados. Independente do que estamos fazendo agora, o impulso veio de uma atividade acadêmica e do conhecimento desenvolvido através de método científico.
Notem que falamos sobre ciência, tecnologia e método científico lá no nosso primeiro post, “Apoiados em Ciência e Tecnologia”. Isto foi realmente muito importante para o nosso nascimento e continua sendo para nossa perpetuação.
Se tomamos conhecimento de algo que poucas pessoas sabem ou dominam, cabe a nós torná-lo usável pela sociedade.
Os spin-offs acadêmicos são um meio de transferir o conhecimento das universidade para a sociedade. Some-se a isto, a busca de parte dos jovens estudantes de construírem para si um meio de vida e de sustento próprio que seja duradouro e você encontrará uma interessante alavanca para o desenvolvimento científico, tecnológico, de inovações e do mercado.
Mantendo o mesmo prisma, veremos que esta é uma alavanca de grande impacto, porque, logrando êxito, produzirá também geração de riqueza material e oportunidades diretas e indiretas de novos negócios e sustento para outras famílias. E se tudo isto acontecer, teremos um incremento em nosso estilo de vida, já que algo novo, baseado na ciência, passará a nos ajudar em nosso dia a dia.
Logo, realmente, podemos dizer que os spin-offs com contribuição científica são o futuro. Como queríamos demonstrar! ;)
Apesar da superficial e ultra rápida demonstração descrita acima, se você aprofundar os aspectos apresentados encontrará um mar cada vez mais profundo que valida esta tese. Começou a perceber o desconhecido valor dos spin-offs? Mas não para por aqui…
Agora que você já percebeu como funciona o jogo, vamos olhar com a mesma lente para as empresas que desenvolvem novos produtos, serviços, processos ou segmentos de mercado internamente que acabam crescendo tanto que justificam a criação de novas empresas apenas para cuidar dessas novidades. Essas são os spin-offs corporativas, por derivarem de empresas e não de academias.
Só considere que, nem todas as empresas, desenvolvem com base científica, ou seja, nem sempre elas geram spin-offs científicos. Aliás, ainda são bem poucas as que produzem spin-offs científicos, o que é uma pena, pois seria algo realmente fantástico se mais empresas tivessem essa visão e cultura. Mas isso é tema para outro post. ;)
O mais comum é que spin-offs corporativos servem para diversificar seus negócios, mesmo que não haja uma inovação.
Existem muitas formas de configurar os spin-offs, porque muitas vezes são negócios que nascem com interesses específicos, além de gerar lucro. Pode ser a junção de jovens e intrépidos estudantes, com espertos e experientes empresários, contando ou não com professores e orientadores especialistas na técnica, além de investidores interessados em retorno financeiro, desde que sabedores dos riscos envolvidos, afinal, este empreendimento não é um tipo de investimento padrão, muito menos bancário. #fiqueatento
Também é preciso considerar a possibilidade de participação de grandes corporações em busca de maior hegemonia ou atualização de seus portfólios de negócios ou ainda governos interessados em alguma demanda bastante específica. O fato é que, independente da configuração, spin-offs são meios de construir empreendimentos atraentes para o nosso desenvolvimento como sociedade.
Tão atraentes que nos últimos anos vem emergindo uma nova percepção prática acerca dos spin-offs, para além dos corporativos e acadêmicos, considerados spin-offs familiares. Essa tem sido uma visão aplicada por famílias em relação aos seus patrimônios e negócios, quando os herdeiros estão interessados em construir seus próprios negócios e não assumir os negócios existentes, por exemplo.
Não por acaso, o universo jurídico está compreendendo essa demanda. Sabemos que um escritório que está olhando nessa direção é o Garcia & Garcia Advogados, que foi nosso parceiro em algumas atividades. A lógica é bem simples! Mas os caminhos são muitos e ainda estão sendo descobertos.
Se um herdeiro tem mais vontade e conhecimento para tocar um novo negócio, é possível migrar um negócio familiar de segmento. Ao invés de preparar o herdeiro para uma sucessão familiar nos negócios existentes, é possível preparar novos negócios para a sucederem os negócios familiares existentes.
Isto abre uma série de possibilidades, desde possibilitar ao herdeiro identificar-se mais com o negócio que desenvolve, até atualizar o tipo de negócio em que a família atua sem a necessidade de transformar toda uma cultura.
Se você leu até aqui, é possível que você já tenha compreendido o tamanho do valor dos spin-offs. Mas, antes de terminarmos, precisamos alinhar os spin-offs com os temas do momento, que comentamos no início do post.
Primeiro, como já falamos até aqui, é importante reafirmar que spin-off é uma derivação. Ponto! Ela não é uma figura jurídica específica, mas precisa de uma figura jurídica convencional para realizar suas atividades.
Segundo, spin-off não é uma startup. E isso é fundamental! Ela não precisa ter um modelo de negócio repetível, escalável e em um ambiente de extrema incerteza, mas isso não a impede de ser uma startup. Ou seja, spin-off não startup, mas, em alguns casos, pode ser uma startup.
E terceiro, se você já leu nosso post sobre empreendedorismo, vai compreender que você já é um empreendedor, assim como todos nós já nascemos empreendedores. Agora, se você está participando de um spin-off, então você é um empreendedor empresarial.
Enfim, se depois destas rasas, mas importantes, demonstrações de relevância que citamos você ainda desconhece o valor dos spin-offs… tudo bem! É possível que não tenhamos sido claros ou, de fato, os spin-offs nem sejam tão importantes para todos mundo.
De qualquer forma, eles seguirão existindo e mudando cada vez mais vidas (veja o link da NASA) e cada vez mais profissionalizados. E nós, estaremos cada vez mais dispostos a contribuir com o desenvolvimento e a profissionalização dos spin-offs, de qualquer tipo, sejam acadêmicos, corporativos ou familiares. E se forem científicos teremos disposição maior ainda!
Acreditamos que precisamos fortalecer as ações que nos fortalecem e, para nós na NEW-e, os spin-offs são grandes forças empreendedoras empresariais do nosso tempo.
Avante!
Conteúdo: Tainan V. Caballero e Carlos Sonier do Nascimento
Redação: Tainan V. Caballero
Imagem: jackmac34/Pixabay
Post: #29
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