top of page
  • Foto do escritorNEW-e

O que Sabemos sobre Mentoria

O suficiente para contar alguma coisa aqui no Blog! Não sabemos tudo, claro, mas aprendemos um tanto nos últimos 8 anos sobre esta prática que tem crescido muito aqui no Brasil.


Já ouvimos muitas perguntas sobre mentoria. Se é boa, se é ruim, se é paga, se é gratuita, se ajuda, se atrapalha, dentre muitas outras dúvidas possíveis e inimagináveis. Sim! Inimagináveis!!! Algumas dúvidas nós nunca seríamos capazes de pensar.


É natural! A mentoria é um tipo de relacionamento que ainda não estamos tão acostumados aqui no Brasil.

"Muitas verdades às quais nos apegamos depender do nosso ponto de vista. Sempre passar o que você aprendeu."

No Brasil, estamos bem acostumados com a lógica do professor, detentor do conhecimento, aquele que sabe. Ele ensina e nós aprendemos.


Mas atenção! O professor não é ruim, muito pelo contrário, ele é muito bom necessário! O problema está no modelo de interação em que condicionaram o exercício das suas atividades.


Aliás, esse modelo já vem sendo questionado há um tempo e começa a mudar, principalmente na educação fundamental. Então, vamos focar no modelo, porque ele nos mostra bastante coisa.  


Esse formato se tornou predominantemente por aqui, onde alguém fala, ou manda, e os outros escutam, ou obedecem, aquilo que foi falado. E daqui já sai o primeiro grande diferencial da mentoria, que vamos contar daqui a pouco.


Antes, é importante perceber que o dito formato que estamos tratando, além de estar presente em nossas casas, também está presente na carreira acadêmica e na vida profissional. Seja com o orientador acadêmico ou com o consultor empresarial.


A orientação orienta o que tem que se feito e a consultoria é consultada porque não sabemos o que deve ser feito, correto? Em suma, apresentamos uma situação ao orientador e ao consultor e recebemos uma tarefa para cumprir.


Sim! Sabemos que não é 100% assim, mas aqui está a grande questão em torno deste post.

Existem muitos professores, orientadores, pais e até consultores, que são mais mentores do que qualquer outra coisa, muito por instinto. E, invariavelmente, por isto, são muito reconhecidos por seus pupilos por todas as contribuições que trouxeram ao longo da caminhada conjunta.


Isto acontece porque uma relação específica foi construída entre quem detinha mais conhecimento e quem detinha menos conhecimento. Em geral, uma relação menos hierárquica e mais horizontal, onde o respeito nasce da admiração, e que está cercada de um cuidado e um carinho com a pessoa que está disposta a aprender, o que foge da ordem para fazer.


Mentor não diz o que tem que ser feito, não dá respostas. Mentor faz perguntas. Muitas perguntas!

E isto muda tudo! Principalmente o interesse de quem aprende.


Na mentoria o conhecimento não é transmitido, ele é (re)construído, tanto pelo mentorado quanto pelo mentor. É por isto que sempre dizemos que aprendemos muito mais que os mentorados quando temos a honra de sermos mentores.


As múltiplas variações de perguntas e os diversos caminhos que precisam ser buscados em conjunto aumentam a nossa própria capacidade, como mentores, de compreensão do tema que está sendo abordado. Logo, o desafio é conjunto e ambos precisam estar interessados no avanço da conversa.


Mas afinal, de onde saiu essa história de mentoria?

As primeiras referências sobre mentoria vem da Grécia Antiga, por volta de VIII a.C., quando Homero, em sua grande obra Odisseia, descreve que o herói do poema, Odisseu, ou Ulisses para os romanos, rei de Ítaca, ao partir para da Guerra de Tróia, confiou seu filho, Telêmaco, ao seu grande amigo Mentor, para cuidar, proteger e educar o jovem, além da família. Logo, mentoria vem da tarefa dada ao Mentor, que era de fato o nome da personagem.


Embora seja uma obra de ficção, há quem considere que este Mentor nem foi assim tão importante para o jovem Telêmaco. Mesmo com tamanha responsabilidade, Mentor é considerado por alguns uma personagem de menor expressão na Odisseia.


Mas a mentoria volta a ter maior destaque apenas 20 séculos depois, quando o escritor francês François de Salignac de la Monte Fénelon, em 1699, promove uma releitura da Odisseia em um nova obra, As Aventuras de Telêmaco. É nesta obra que François dá a Mentor uma fundamental importância no enredo e na história de Telêmaco, colocando como um segundo pai.


Foi a partir desta obra que a visão sobre mentoria começou a prosperar até chegar aos dias de hoje chamada de mentoring.

Aqui por estas bandas, adaptamos o termo mentoring para mentoria e adaptamos a própria mentoria, mesmo que inconsciente, mas não saímos difundindo a prática Brasil a fora. A mentoria ganhou impulso depois da virada dos anos 2000, a partir da difusão do empreendedorismo como estilo de vida e como uma nova corrida do ouro, conforme falamos no post “O Empreendedorismo e seus Caminhos”.


"Todo mundo" passou a ser mentor! Acontece que, voltando ao início do post, nossa cultural falou mais forte.


Muitos pegaram carona na onda da mentoria e na abertura dos jovens empreendedores empresariais que queriam aprender para assumirem a posição do “eu é que sei e você vai fazer assim”. Isto ficou ainda mais intenso quando a onda dos investidores anjos começou a crescer e a dita “mentoria” passou a envolver retorno financeiro por parte do mentorado.


começa uma série de equívocos e de desgaste desnecessário das relações, entre mentor/investidor-mentorado, do termo mentoria e da jornada empreendedora para jovens empreendedores empresariais. E por alguns anos foi assim, em alguns casos por má fé, mas na maioria por desconhecimento mesmo sobre o tema.


Atualmente, tanto os empreendedores, quanto os próprios mentores e os organizadores de atividades empreendedoras já conhecem mais sobre o papel de um mentor e sobre as relações tóxicas que são produzidas quando é o “mentor” que manda. A primeira delas, neste caso, é que o dito “mentor” é um chefe e não um mentor.


Como já falamos, um mentor desenvolve uma relação muito mais próxima e de longo prazo com o mentorado. A busca de ambos é para que o mentorado consiga visualizar as situações nas quais está envolvido pelo maior número de pontos de vista possíveis, até que consiga, por si só, compreender o que cada situação representa e, assim, tomar uma posição realmente sua, conforme seus próprios interesses.


A mentoria é para o mentorado compreender melhor o mundo em que está metido.

Uma das melhores metodologias que encontramos para essa relação de mentoria é da maiêutica. Trata-se de um método filosófico, de criado por Sócrates (o filósofo, ok!) e que busca parir ideias. Isso mesmo!


Maiêutica pode ser traduzida como obstetrícia, logo, por fazer partos, mas não de pessoas, e sim de ideias. Isto acontece através da dialética, conhecida também como a arte do diálogo, entre mentor e mentorado, a partir de sucessivas perguntas provocativas para que os participantes do diálogo expressem o que sabem sobre o assunto em pauta.


Junto com a maiêutica, Sócrates usava a ironia como artifício para desmontar argumentos e desestabilizar a segurança de quem fala sobre o quanto sabe ou não acerca do assunto. Todo este processo visa provocar o participante do diálogo para que ele alcance o maior nível de consciência sobre se e o quanto ele sabe a respeito do que fala e faz.


Até o momento, a filosofia é o melhor meio que conhecemos para que um mentor contribua de fato com um mentorado, principalmente, porque um mentor precisa conhecer-se a si mesmo.

Outras dicas rápidas sobre mentoria e como praticamos ela. Mentores não precisam concordar entre si, afinal, cada um tem uma história de vida, assim como o mentorado tem sua própria vida.


Já que a vida é dele, mentores também não devem realizar nenhuma ação que seja de responsabilidade do mentorado. Deve partir dele a iniciativa e o entendimento de que é hora de agir ou não agir.


Isto é um importante sinal de maturidade do mentorado e da relação de mentoria.

Um mentor mais ouve do que fala. A escuta atenta é uma grande ferramenta do mentor para fazer mais e melhores perguntas. Só assim ele vai conseguir compreender melhor como o mentorado vê o mundo e sua situação.


E por fim, mentor não é coaching! Cuidado, seu papel não é motivar alguém, e sim educar, e a motivação deve ser genuína do mentorado. Se não for, algo está inadequado no processo de mentoria, ou em alguns casos especiais, no mentorado. Fique atento!


ATENÇÃO: Neste último caso, é importante estar atento para a busca de ajuda médica especializada, já que costumam envolver cuidados de saúde mental.


A educação deve sempre ser o objetivo final da mentoria, já que ela é um processo e acompanhamento e transformação gradual.

A relação mentor-mentorado deve ser sempre uma parceria ganha-ganha e de longo prazo. E isso, é um pouco do que sabemos sobre mentoria.


Avante!




Conteúdo: Tainan V. Caballero

Redação: Tainan V. Caballero

Imagem: Nadir sYzYgY/Unsplash

Post: #26

0 comentário

Posts recentes

Ver tudo
bottom of page